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An Indo-Portuguese ventó whit the Manoel Family Coat of Arms
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An Indo-Portuguese ventó whit the Manoel Family Coat of Arms

São Roque

Date ca. 1600–1625

Origin India, probably Thane

Medium Teak, Ebony, Ivory, Brass, Iron, gilt copper fittings

Dimension 37 x 31 x 44 cm (14⁵/₈ x 12¹/₄ x 17³/₈ inches)

Ventó de estrutura em teca (Tectona grandis) faixeado a ébano (Diospyros ebenum), decorado com marchetaria de ébano, sissó (Dalbergia latifolia) e marfim, e com  ferragens recortadas e vazadas, em cobre dourado a azougue, originária provavelmente de Taná, na Província do Norte do Estado Português da Índia.

 

Esta peça de mobiliário replica, quanto à forma, um protótipo extremo-oriental conhecido por ventó. O termo japonês bentō, que passou para o português, segundo a definição do primeiro dicionário nipo-português, o Nippo jisho publicado como Vocabulario da lingoa de Iapam em 1603, era na verdade, e é ainda hoje, um caixa para almoço. Na verdade, o modelo original japonês para o ventó é conhecido por kakesuzuri-bako, ou “escritório portátil” que, quando apresenta porta frontal e ferragens como a de um cofre-forte, é chamado funa-dansu ou “arca de navio com gavetas”: uma caixa para selos (documentos, instrumentos de escrita e tinta em pedra) e dinheiro com uma única porta frontal com dobradiças, normalmente revestida por complexas ferragens e o interior com várias gavetas ou compartimentos com portas frontais.

 

            Toda as faces exteriores deste ventó apresentam o mesmo padrão isométrico de cubos de ébano, sissó e marfim, com cercaduras estreitas alternando rosetas de oito pétalas e losangos de marfim com losangos de sissó, bordejadas por fino filete de marfim. Quando aberto, revela uma partição interior típica extremo-oriental, com seis gavetas dispostas em quatro renques: os dois superiores com gaveta a todo o comprimento, para guardar papel; logo abaixo, um com duas de idênticas dimensões; e no inferior, duas gavetas altas, de diferentes dimensões. As frentes das gavetas são marchetadas com padrão isométrico de cubos bordejados por simples filetes de marfim, idêntico às faces exteriores. O aspecto mais interessante desta peça de mobiliário é a decoração do interior da porta. Com idêntico padrão de cubos no campo central e cercadura estreita de rosetas e losangos, apresenta um escudo heráldico português.

 

Executado utilizando as mesmas técnicas encontradas neste e noutras peças desta produção, com os embutidos fixos à estrutura de teca através de pinos de latão, o escudo pode ser identificado, não obstante ter sido inadvertidamente invertido (espelhado), com o da família nobre Manoel, que obtiveram os títulos de Conde da Atalaia (1583) e de Marqueses de Tancos (1751). Sobrepujado por coronel, o campo do escudo é esquartelado; o primeiro e quarto quartéis com um leão, e o segundo e terceiro com um coto de águia com uma mão, com uma espada levantada.

 

Tendo em conta a cronologia desta produção, que se estende dos finais do século XVI às primeiras décadas de Seiscentos, é provável que este ventó tenha sido encomendado por D. Pedro Manoel de Ataíde (ca. 1570-1628). Feito 2.º Conde de Atalaia após a morte do seu irmão mais velho, D. Francisco Manoel de Ataíde (1565-1624), D. Pedro embarcara para a Índia em 1591 e, após regressar a Portugal em 1621, foi nomeado vice-rei ou governador do Algarve e, mais tarde, capitão-general de Tânger (Marrocos), sob domínio português.[1]

 

Tanto os materiais como a gramática ornamental utilizada neste ventó, assim como as ricas ferragens vazadas e recortadas, apontam para uma produção da Província do Norte do Estado Português da Índia, provavelmente Taná.[2] Um escritório (15,6 x 26,7 x 36,o cm) desta produção e semelhante decoração, pertence a uma colecção particular.[3]

 


[1] Diogo Maria d’Orey Manoel, Epítome da Família Manoel, Condes de Atalaya e Marqueses de Tancos, Lisbon, 2020, p. 31.

[2] Hugo Miguel Crespo, A Índia em Portugal. Um Tempo de Confluências Artísticas (cat.), Porto, Blueboook, 2021, pp. 88-104; e Idem, Da Província do Norte. Marchetados e Acharoados da Província do Norte, Lisboa, São Roque, Antiguidades e Galeria de Arte, 2024.

[3] Hugo Miguel Crespo, A Índia em Portugal [...], p. 152, cat. 44.


Date: ca. 1600–1625

Origin: India, probably Thane

Medium: Teak, Ebony, Ivory, Brass, Iron, gilt copper fittings

Dimension: 37 x 31 x 44 cm (14⁵/₈ x 12¹/₄ x 17³/₈ inches)

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São Roque

Fine Furniture, Silver, Portuguese Tiles and Ceramics, Arts of the Portuguese Expansion, Chinese Porcelain, Fine Arts

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